Jucileia (Cileia)
Eu comecei com 12 anos a mexer com o barro, olhando minha mãe, meu irmão e minha irmã fazendo as panelas. Eu fazia panelinhas, porque eu não sabia fazer panela grande. Engravidei morando com minha mãe, então continuei trabalhando para manter a minha criança. Depois, me casei com o pai do meu filho e fomos morar juntos. Anos se passaram, trabalhei fora, mas não deu certo, então resolvi voltar a fazer panelas de barro. Olhava meu irmão produzindo suas panelas e fui tentando fazer as panelas grandes, não sabia fazer tampa, mas como eu já tinha filhos e a necessidade faz o gato pular, da noite para o dia eu aprendi. Contando rápido parece uma história curta, mas foi muito longa e muito trabalhosa. Sou a quarta geração de panela, minha bisa fez panela, minha avó (mãe do meu pai), minha mãe e por fim passou pra mim. Minha avó se chamava Ana Carolina e minha mãe é Maria da Conceição Barbosa, ela é uma das paneleiras mais antigas vivas, não faz mais panela, mas já fez muitas. Meus filhos não tem interesse no trabalho, eles não querem. Minha filha veio pequenininha para cá, eu a colocava aqui no boxe, fazia uma cama, aí ela olhava outra criança fazendo algumas coisas e tentava também. Quando ela ficava aqui se distraía com o barro, fazia uns anjinhos com o material, uma vez uma turista de fora quis levar, no barro mesmo, ela ficou tão feliz com a venda. Eu guardo os anjinhos para quando ela tiver uma moça poder mostrar o que ela fazia com 6 anos. Da minha família, dos meus filhos, nenhum deles quer seguir. Eu não os deixava fazer esse trabalho, porque é muito doloroso, muito cansativo. Agora é uma época muito quente, a gente passa mal na fogueira. Quem chega e vê é muito bonito pronto, mas não sabe o processo que é.


Contato Paneleira Jucileia
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