Rosineia Alvarenga


História da Paneleira Rosineia
Eu sou Rosineia Alvarenga, comecei a fazer panela de barro em casa, olhando minha mãe fazer sentadinha no chão, aí eu fui olhando, mas sem interesse nenhum, pois trabalhava fora e nas horas vagas ficava lá de bobeira. Aí tadinha, ficava até com pena dela, aquela senhorinha, ali, o prazer dela era aquilo mesmo. Então foi, foi, foi, fiquei desempregada, aí necessidade faz a ocasião, né. E pensei “Ai meu Deus do céu, e agora?” Tenho que ter meu ganha-pão, porque eu nunca gostei de ficar dependendo de papai e mamãe, entende? Pensei “tenho que ter meu ganha-pão, tenho que tentar fazer essa panela”. Na época peguei o barro pra tentar trabalhar, e ficava uma gastura, fiquei “olha que troço ruim, difícil de fazer”, mas sabia que era necessário. Então fui acostumando, esquecendo o barro na mão, foi tanto que eu aprendi, porém só panela pequenininha, pimenteiro, mas em casa depois comecei a fazer a grande, tampa grande, mesmo assim não gosto de fazer coisa grande até hoje. Assim foi indo, a idade foi chegando, minha mãe ficou cansada, tinha que queimar a panela sozinha, portanto meu




irmão a ajudava, mas não pôde mais, aí eu fui ajuda-la na queima, ela me trouxe na fogueira para fazer a “cama”, porém não consegui, chamei meu irmão, ele disse “sei fazer nem criado-mudo, quanto mais cama”, comecei a rir. Dessa forma, fui fazendo e aprendi, pegava as panelinhas dela e colocava na fogueira, antigamente ela açoitava sentada mesmo, comecei a ajudar a açoitar e tirar a panela da fogueira. Minha mãe é exigente na queima igual eu, deixava a panela pretinha, se ficava vermelha voltava para o fogo, eu faço a mesma coisa. Às vezes, ela ficava o dia todo fazendo uma panela, modelando, as bocas antigamente eram fininhas e levinhas, agora mudou tudo, o barro está mudado também, nisso eu ficava queimando panela pra ela. Depois, minha mãe faleceu com 87 anos, porém não fazia panela há uns 5 anos. Então meu irmão entrou aqui (no galpão) e não deu certo, logo entrei no lugar, pois o direito dos boxes é passado pela mãe, passado de geração em geração, assim estou aqui trabalhando até hoje. Eu pago para fazer as peças maiores, mas eu mesmo finalizo, viro a panela, faço a queima, adoro queimar, é a parte que mais gosto, faço sozinha, até ficar bem pretinha, pois os clientes querem qualidade, são bem exigentes. Sou muito chata com a fogueira, se a panela não está pretinha, volta para fogueira de novo, quero nem saber. Eu que faço meu preparo, colho a matéria prima, o barro e o tanino, pago para fazer algumas peças grandes e faço as pequenas mais rápido, então pago pra alisar e polir, depois vou para queima para finalizar o restante. Eu sou a segunda geração da família, minha mãe se chama Palmira Rosa de Siqueira.
Contato paneleira Rosineia
(27) 99862-3972